quarta-feira, 8 de abril de 2015

REVIEW: VIAGEM RADIOATIVA (Radioactive Dreams, 1985)


O segundo filme de Albert Pyun, RADIOACTIVE DREAMS, se passa num período pós-apocalíptico, fruto da Terceira Guerra Mundial. Antes das bombas nucleares começarem a explodir, no entanto, dois garotos são colocados em um abrigo subterrâneo onde passam o tempo lendo livros policiais dos anos 30 e 40. Pyun, já treinando sua astúcia na criação de nomes para personagens, coloca Phillip Chandler (John Stockwell) para um e Marlowe Hammer (Michael Dudikoff) para o outro. Quem conhece o mínimo de novelas policiais dos anos 40, deve ter percebido a esperteza do diretor/roteirista em homenagear os verdadeiros criadores do estilo noir. Após 15 anos vivendo no local, os garotos, agora um pouco mais velhos, conseguem sair do abrigo e se deparam com o mundo em um estado bem interessante...

Cyberpunks antropófagos, motoqueiros, roqueiros, mutantes e um rato monstro gigante, todos bastante hostis, são alguns exemplos de seres que estavam lá fora para receber os dois ingênuos rapazes que praticamente passaram a vida inteira olhando um para cara do outro dentro do abrigo subterrâneo e agora pensam que são dois detetives tentando resolver um caso. E o pior é que acabam entrando numa intriga envolvendo um par de chaves que aciona um míssil poderosíssimo, capaz de devastar toda a raça humana. 

E todo o tipo de figura estranha e maliciosa pretende colocar as mãos nas tais chaves, só não me pergunte o motivo, mas acho que, como dizia o ex-presidente americano George W. Bush, uma única palavra resume a responsabilidade de qualquer governante, e essa palavra é “estar preparado”...


No campo das atuações, temos um Michael Dudikoff irreconhecível, bem diferente dos papeis sérios que encarnou nos filmes de ação que fazia a alegria da moçada. Aqui, o seu Marlowe é um sujeito afetado, age o tempo inteiro como se fosse uma bicha louca em “quarto escuro” de boate gay (não, nunca entrei num lugar assim e nem pretendo, antes que comecem a pensar gracinhas). Seu trabalho seguinte foi exatamente aquele que mudou o rumo de sua carreira: AMERICAN NINJA, grande clássico que também marcou a infância de muita gente. Já John Stockwell faz o tipo caladão e mais sóbrio da dupla. Stockwell já tinha um rosto um tanto famoso pela participação em CHRISTINE, do John Carpenter. Voltou a trabalhar com o Pyun em DANGEROUSLY CLOSE, antes de ser escalado em TOP GUN, de Tony Scott. Saiu debaixo dos holofotes, fez algumas pontas e dirigiu algumas coisas, foi ele quem realizou aquela tosqueira filmada aqui no Brasil e causou um rebuliço besta: TURISTAS. Ainda no elenco de RADIOACTIVE DREAMS temos os veteranos George Kennedy e Don Murray.

O roteiro maluco escrito pelo próprio Pyun mistura ficção cientifica pós-apocalíptica, elementos do film noir e muita aventura no estilo MAD MAX II e er... BLADE RUNNER, que influenciou meio mundo de filmes no período. Só poderia gerar bons momentos de diversão para toda a família; e até mesmo a direção canhestra do Pyun, ainda ganhando uma forma, um estilo, dá ao filme um charme singular, isso sem falar que a trilha sonora é sensacional, escolhida a dedo com várias canções bem datadas dos anos oitenta. A quem, por um acaso, adentrou neste recinto por algum motivo, recomendo fortemente. 

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