quinta-feira, 22 de agosto de 2013

REVIEW: MORTE ANUNCIADA, aka POSTMORTEM (1998)


Para quem curte o trabalho do Albert Pyun em filmes mais vibrantes de ação e pancadaria como CYBORG (89), NEMESIS (92), DOLLMAN (91) ou MEAN GUNS (97), precisa ir com cautela com POSTMORTEM. Sem os habituais andróides que lutam kickboxer e sequências frenéticas de tiroteios,  o que temos aqui é um filme policial de serial killer mais focado no clima inquietante, no ritmo cadenciado, no bom acabamento visual e no fato de ser um dos trabalhos de câmera mais interessantes do Pyun.


Destaca-se também pelo protagonista, interpretado por Charlie Sheen (creditado como Charles por aqui). Ele vive James McGregor, um ex-policial americano que virou escritor, abandonou a família e o país e agora vive em Glasgow, na Escócia. Já nessa época, Pyun aproveitou a fama de beberrão do Charlie, de Two and a Half Men, cujo personagem vive isolado numa casa afastada virando copos de whisky. Mas depois de ser acusado de assassinato e provar sua inocência, McGregor volta a ativa com a polícia local para tentar capturar o verdadeiro responsável por uma série de assassinatos que possuem sempre as mesmas características incomuns: mulheres jovens, nuas, limpas, sem qualquer ferimento... Devem ser até cheirosas, se calhar.    


Naquela época o sucesso de SEVEN (95) ainda gerava uma boa quantidade de exemplares policiais investigativos de serial killers. POSTMORTEM segue a mesma linha e não tenta fugir muito dos clichês. Só quer ser mais um e consegue com competência. Se há algum diferencial  é a localização, o filme ganha um charme interessante ambientando a ação nos cenários e paisagens escocesas. Outro ponto que chama a atenção, e que deve chatear os escoceses, é o fato do personagem americano ter que mostrar a policia local como encontrar o assassino.

No entanto, Sheen constrói um personagem que está longe de ser o típico herói policial destemido, com pinta de salvador. Depressivo, bêbado e deslocado num país estrangeiro, o sujeito não segura nem uma arma durante o filme inteiro. Mas é isso que dá a complexidade ao personagem. Bacana os produtores terem conseguido um ator de "peso" como o Sheen, que se encaixou perfeitamente no papel. No elenco ainda temos algumas figuras interessantes, como Gary Lewis e Michael Halsey, que trabalhou com o Pyun em outros filmes.


A direção do homem é bem leve, com uma câmera que flui em planos longos e que aproveita bastante a estética escocesa... Bem eficaz, por exemplo, na cena em que McGregor persegue o suspeito pelos crimes pelas ruas de Glasgow. Nem parece que o diretor teve apenas dez dias de filmagens (e seis com a presença do Charlie Sheen). O filme é mais longo do que precisava, mas Pyun usufrui do tempo para explorar o personagem do assassino e suas motivações. Os flashbacks que mostram o serial killer criança são bem bonitos visualmente.


Com um tom mais sombrio do que movimentado, POSTMORTEM não é nenhuma obra-prima, mas é uma tentativa válida e digna de Pyun no gênero policial. No Brasil está disponível em DVD com o título MORTE ANUNCIADA. Só lamento por não ser a versão widescreen...

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

O ADEUS DE ALBERT PYUN

Ou seria apenas um "até logo"?

No entanto, é com pesar que trazemos a notícia aos poucos fiéis admiradores do diretor que, por motivos de saúde, Albert Pyun está encerrando sua carreira. O comunicado saiu ontem no facebook oficial do próprio Pyun. E através das redes sociais, nós aqui do Radioactive Dreams, lhe desejamos as melhores considerações, uma boa recuperação e agradecemos pelos mais de trinta anos dedicados ao cinema, pela vasta obra que realizou e por ser sempre tão simpático e receptivo nas nossas conversas.

Deixamos aqui o email de despedida na íntegra que recebemos hoje pela manhã e que também foi postado em seu facebook:

"Here's my good bye emails to the many website supporters I've been lucky to have and really fortunate to know. There are so many staggeringly talented and good hearted people now. Anyway, in doing an inventory, I know I've been incredibly blessed to have had the life I've had and nothing that happens going forward can ever detract from that (except for any release of my films that are not my versions! I'd rather have the worst of this illness than that!). Here's my last email to the world of web cinema sites - sorry but its pretty long and weird at times - like an Albert Pyun Movie!: 

While the screening went well in Albuquerque, my health has deteriorated further over the past 3 days. I now have complete numbness and pain on my entire right side (face, arm, chest, legs, even my butt! - sorry for that bit of more than you want to know info). Beyond the pain and brain fog that persists almost continuously now (some might say I've had this my entire filmmaking career). I don't have the ability to function very well right now and i can barely walk and even think clearly most of the time now. I get easily confused and there's a lot of pain. I know once I finish the medical tests in LA next week, I'll be put on some meds and a program that will stabilize my conditions. I intend to add a camera bracket on my wheelchair so my entire life can be a continuous tracking shot. So I look at this as a brief enforced sabbatical and chance to think up new movies with a different perspective. My hands and arms are so weak and numb, I can make a movie called "Shaky Cam!! - the movie". But in any case my filmmaking days are likely over. 

The number of symptoms is truly staggering. I have body functions I never knew I had. I've lost control over some of these which is embarrassing. I've been noticing odd issues the past 5 years but really in the past few months they became more pronounced. Ah, getting old is the ultimate movie adventure for sure. I still hope to screen RTH in LA and, if I am able, other cities just for the chance to be amongst rabid film fans once more for the joy of that. The last "Pyun" cinema experience. Nobu is pretty hammered by age herself but I hope she outlives her Daddy. 

So I'm really shutting down until I can get a handle on this disease (MS) and there's a chance I never might. I've accepted that. Watching poor Chiba and Nobu with their own health challenges as they journey through their 14th years, I know that having them, my girls and Cynthia, my great love, and dear friends like you, that no matter what happens, I'm content and blessed. And still trying to put movies together but likely now for the next generation of filmmakers. There are so many great talents out there. I feel the need to help as many as I can. For me, that's always been the best part of my filmmaking. The ability to assist others get closer to the life dreams they have, be it as crew or producer or actor. 

More after they scan, poke and drill me...but still fighting the fight, just a little more slowly to get another vision out of my soul to the screen. 

I know I'll never be at the level of a Rodriquez, Hill or Tarantino (or heck, even an Eli Roth or, even, my kindred spirit, Ed Woods), but I hope in a few months to be able to get back to being Albert. Many critics and haters have often wondered what was in my head as I was making my movies, now they can know, LESIONS!! I can see the Headlines, now! - No Budgets couldn't stop him, natural disasters could not deter him, Worldwide scorn couldn't dissuade him! But MS might stop Pyun! - lol. Truth in that for sure. 

Thanks for everything. You've all made my life better and richer (not literally of course). Please support the new talents I've had the pleasure of working with, like Joei Fulco, Daniel Gutierrez, Daniel Faust and particularly the genius of Michael Su. New writers like Darron Meyer and newbies just begining their great careers like Connor Bible. My dear longtime collaborators, Tony Riparetti, Michael McCarty, Sasha Mitchell, Michael Pare, Clare Kramer, Norbert Weisser, Scott Paulin, Dru Anne Moss, Trudi Forristal, Jessica Delgado, Kevin Sorbo and Sazzy Calhoun in whatever they do going forward. Support them and protect them from the harshness of this business. 

Albert" 

domingo, 27 de janeiro de 2013

REVIEW: MAX HAVOC: CURSE OF THE DRAGON (2004)


Há uns dois anos atrás, estava eu acabando de dissecar a filmografia do diretor Isaac Florentine, quando me deparei com MAX HAVOC, que na verdade foi dirigido, obviamente, pelo nosso estimado diretor Albert Pyun.  Mas eu explico porque o Florentine entra na dança. Sempre foi algo habitual um projeto do Pyun dar errado, se transformar numa bobagem horrível, produtores se arrependendo totalmente por terem colocado dinheiro nas mãos dele, etc... Com MAX HAVOC é a coisa não foi diferente.


Geralmente costumo defender os filmes do Pyun, por pior que sejam (quando eu realmente gosto, claro), mas no caso deste aqui, é complicado. É uma bela merda mesmo. E onde entra o Florentine nessa história? Bem, depois de notarem a qualidade do resultado filmado por Pyun, os produtores tiveram a idéia de chamar o diretor de COLD HARVEST para tentar salvar alguma coisa. Acabou fazendo apenas aquilo que sabe de melhor: cenas de porrada! Cerca de 10 minutos do filme, apenas sequências de luta, foram realizadas pelo Florentine. Digamos que isso não salvou absolutamente nada em MAX HAVOC, mas pelo menos temos umas ceninhas de luta legais e bem dirigidas.

Pyun ainda teve sérios problemas que envolviam o orçamento do filme e as autoridades da ilha utilizada para produção, Guam. Mas essa história é mais complexa…

Então, temos aqui uma obra ambientada num universo paradisíaco, com uma tremenda ajuda financeira do próprio governo local e não são poucas as cenas em que se gastam longos minutos para explorar a beleza natural do lugar. E isso sem qualquer relação com a narrativa… só pra mostrar mesmo o quanto Guam é bonita e atrair turista. Sim, MAX HAVOC é um filme propaganda!


Se bem que o personagem título é um fotógrafo e quando ocorrem essas imagens de propaganda turística ele está sempre a "trabalho", o que justifica as cenas claramente “encomendadas”. Max Havoc é um ex-lutador de kickboxer que tenta levar uma vida pacata tirando suas fotos, mas acaba atraído pelo mundo do crime quando uma pequena estátua de dragão oriental é roubada. A estátua passa por algumas mãos até chegar a uma negociante de artes. Ao mesmo tempo, o dono da peça, um chefão do submundo do crime vivido por ninguém menos que David Carradine, envia seus capangas para recuperá-la. Max se vê no meio da situação quando tenta proteger a moça e vingar a morte de seu ex-treinador, o eterno Shaft, Richard Roundtree, morto por causa da estátua…

O filme não chega a ser ofensivo de tão ruim, mas está muito longe de ser bom. Pra mim, não serviu nem como diversão descompromissada. Na verdade, me peguei cochilando diversas vezes. Mas um dos pontos legais são os rostos familiares, como Caradine, Roundtree e até Carmen Electra, desfilando pelo filme. Mickey Hardt, que vive o protagonista, até que não é mau como ator de ação. Já disse que as lutas são legais, mas nada de impressionante também… Com mais ação e pancadaria, talvez MAX HAVOC fosse um pouquinho mais estimulante.

MAX HAVOC teve ainda uma continuação, MAX HAVOC: RING OF FIRE, com Hardt repetindo o papel título, sem a participação do Florentine, muito menos do Pyun.