quinta-feira, 29 de abril de 2010

REVIEW: NEMESIS (1993)


Nemesis é um dos filmes mais divertidos do Pyun e me chamou muito a atenção pelo tratamento visual de algumas cenas e pelas várias sequências de ação de tirar o fôlego, muito bem dirigidas e coreografadas. O diretor retorna aos temas futuristas, cenários pós apocalípticos com estética cyberpunk e a presença de cyborgs ocupando seus espaços. São elementos que obtiveram bons resultados em outros filmes do Pyun como em Cyborg e Viagens Radioativas (que só não me lembro de haver cyborgs, mas o resto...).

A trama já possui certo grau de complexidade que por si só deixa o espectador interessado, ou confuso. Olivier Gruner – que é um robô na vida real – vive Alex Rain, um policial que peleja, no ano de 2027, contra uma organização terrorista que perturba a sociedade, que já não é lá muito tranquila neste período. Ferido diversas vezes, Alex é metade humano e metade máquina, mas ainda é capaz de salvar um cãozinho indefeso quando é preciso. Mas decide se aposentar e conviver com suas dualidades sossegado num canto qualquer. Mas se isso realmente acontecesse, não teríamos o filme, então o chefe de policia determina uma última missão a Alex e para obrigá-lo a realizar tal tarefa, eles implantam uma bomba perto de seu coração. Aí não tem escapatória. Mas à medida que realiza a missão, o nosso herói descobre que está envolvido em uma conspiração cujo objetivo é a conquista do mundo pelas máquinas, e que os terroristas que ele passou a vida exterminando estão, na verdade, lutando pela raça humana!!!

E as referências são bem diversificadas, vai de Blade Runner e Fuga de Nova York à Exterminador do Futuro, com direito a esqueleto metálico em stop motion azucrinando a vida do protagonista. Mas Nemesis também pode se orgulhar por ter influenciado a estética de alguns filmes futuristas, principalmente o figurino bem ao estilo Matrix, com os sobretudos, óculos escuros, ternos pretos, roupas de couro...

O elenco é ótimo. Além do Gruner, temos Tim Thomerson, Cary-Hiroyuki Tagawa, Vincent Klyn, Brion James, e até mesmo uma pequena participação de um jovem Thomas Jane, apanhando de mulher nua, a gata Deborah Shelton.

Sobre as sequências de ação, temos o inicio do filme, os primeiros 15 minutos, que é um dos melhores momentos da carreira do Pyun, um tiroteio frenético muito bem filmado e editado num cenário magnífico. É um trabalho muito interessante que se sobressai ao restante do filme, que nunca consegue atingir o mesmo nível, uma pena. Ainda assim, Pyun não deixa a peteca cair. O seguimento que transcorre no hotel também é bacana e temos Olivier Gruner atravessando o chão fazendo burados com sua metralhadora, como nos desenhos animados. O final até que é legal com um sinistro Tim Thomerson seguindo Gruner e sua parceira por uma floresta em volta de um vulcão, mas não sei, o futuro da humanidade sendo decidido à beira de uma cachoeira é uma coisa feia. Prefiro muito mais os prédios tombados, a atmosfera de destruição e o cheiro de concreto queimado do inicio do filme. Mas tudo bem, o que importa é que Nemesis é divertido pacas!

quinta-feira, 8 de abril de 2010

TALES - poster

Aí está uma das últimas artes definitivas para o poster de Tales of Ancient Empire, filme que será lançado ainda neste mês. Vale a pena acompanhar os comentários do Albert Pyun em seu blog declarando que se trata do melhor trabalho que ele já realizou em sua carreira em todos os aspectos, desde a liberdade criativa ao resultado final. Não temos idéia se realmente vai ser isso tudo, mas esperamos ansiosamente para conferí-lo!

REVIEW: BULLETFACE (2010)

Distribuído pelos próprios realizadores no mercado de vídeo, Bulletface é o último trabalho de Albert Pyun lançado lá fora. É um exemplar bem estranho dentro do próprio cinema do diretor, ao mesmo tempo pode-se notar o estilo Pyun presente em cada fragmento, seja beneficiando ou até mesmo prejudicando a obra. Não vou fazer como os nossos amigos gringos que vêm tecendo elogios exagerados à fita. Seria hipocrisia da minha parte não apontar alguns detalhes que me incomodaram bastante, embora eu tenha gostado muito do filme.

É preciso levar em consideração que Pyun completou as filmagens de Bulletface em menos de uma semana com um orçamento baixíssimo até para o nível do nosso cinema nacional. Mas até aí tudo bem, mesmo porque a direção é interessante, com um tom “arthouse” e experimentalismo barroco, estética de câmera amadora que, particularmente, aprecio no cinema B atual e que Pyun faz muito bom uso. O enredo também não é nada simples focando mais no drama da personagem do que na ação. Basicamente, a trama acompanha Dara Marren (a argentina Victoria Maurette), uma ex-agente policial que vai parar no xadrez para livrar a pele de Bruno, seu irmão mais novo.

As cenas na prisão resumem-se em desagradáveis estupros que a protagonista sofre, sempre aparecendo em sonhos e lembranças durante a narrativa. Apesar da nudez, não há nada de sexy nessas sequências, embora sejam algumas das melhores aqui presente, filmadas com grande força, um realismo impressionante e iluminação bem trabalhada. Os atores também prestam um bom serviço.

Durante a detenção de Dara, Bruno acaba assassinado por traficantes de uma nova e perigosa droga chamada Red Eye, feita através de um fluido da espinha dorsal humana. Um agente especial do governo, interpretado pelo veterano Steven Bauer, aproveita a situação de Dara para libertá-la durante um fim de semana para que possa se vingar dos culpados pela morte do irmão. Em troca ela o ajudaria a pegar os responsáveis pela nova droga.

Victoria Maurette está magnífica. É o segundo trabalho que ela faz com o diretor e percebe-se o entrosamento nas encenações. Em Tales of Ancient Empire ela voltará no papel de uma sensual vampira e Pyun ainda tem mais planos para ela em futuros trabalhos. Dara Marren é uma personagem forte, complexa, bem construída e Maurette se encaixa perfeitamente a ela. O elenco é um grande destaque em Bulletface. Bauer está muito bem e lembra um Mickey Rourke dos filmes B, já Scott Paulin, grande colaborador de Pyun, tem ótimos momentos.

A jornada de Dara em busca de vingança funciona como um bizarro filme noir moderno com uma pitada de ficção científica (nas cenas do laboratório onde a droga é projetada). Nada que surpreenda o fã mais entusiasta de Albert Pyun. Este parece vislumbrado com as novas ferramentas tecnológicas de montagem e é exatamente aí que mora o perigo. Ken Morrisey é o nome do editor, mas é provável que quem toma as decisões de montagem seja o Pyun. O sujeito atira para todos os lados: congela imagens, abusa de split screen, efeitos moderninhos, etc, tudo que tem direito. Só que ele não tem a mínima noção de como isso prejudica muito o ritmo do filme.

Infelizmente estes detalhes de edição não dão a impressão de que o realizador seja o mesmo que dirigiu Nemesis, Cyborg ou Jogo de Assassinos. E o que mais impressiona é que a direção experimental dele é ótima, mas nem isso, nem o elenco afiado e até mesmo a brilhante trilha sonora de Tony Riparetti compensam. Para um maluco aficcionado pelo cinema do Pyun, como eu, o resultado final é positivo, possui todos os tiques que fazem a personalidade do diretor e até as bizarrices que agradam seus fãs. O problema é que por conta da montagem o filme acaba limitado a este público específico: fãs de Albert Pyun. O espectador normal poderá não aguentar nem os primeiros 10 minutos, o que é uma pena.

sábado, 3 de abril de 2010

Maurette em TALES e entrevista

Primeira imagem da atriz argentina Victoria Maurette no novo trabalho de Albert Pyun: a aventura de fantasia Tales of Ancient Empire.

E aproveito também para deixar o link da ótima entrevista que o Osvaldo fez com a atriz e que foi publicada no site Boca do Inferno. Basta clicar aqui.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Homenagem a Tony Riparetti

O primeiro vídeo foi feito com imagens e artes de Omega Doom encontradas na Internet por este elemento que vos escreve. Tosquinho, mas o que importa é a música, extraída do próprio filme já que a trilha nunca foi lançada. Foram gastos menos de 30 minutos com a brincadeira e confesso que curti o (modesto) resultado final.



REVIEW: CAÇADA PERIGOSA (Dangerously Close, 1986)


Caçada Perigosa, terceiro filme de Albert Pyun, desvia-se do imaginário cinematográfico de seu diretor sendo o único filme do início da carreira de Pyun a ter um universo contemporâneo, palpável, bem distante do mundo fantasioso de A Espada e os Bárbaros e Journey to the Center of the Earth ou os cenários pós-apocalípticos de Viagens Radiotivas e Cyborg. Pyun só voltaria a realidade novamente em 1991, com Kickboxer 2, seu décimo segundo trabalho.

Produzido pela Cannon Pictures, Caçada Perigosa investe no discreto filão “High School Movie” que teve grande força na década de 1980. Eram filmes bem populares, de gêneros variados, cuja trama geralmente se passava em colégios e os personagens eram estudantes e professores. O filme do Pyun é um thriller sobre um grupo de estudantes da escola Vista Verde que desenvolve uma maneira de “limpar” o campus dos maus elementos. Conhecidos como “sentinelas”, o grupo toca o terror em suas vítimas utilizando máscaras, armas, realizando uma verdadeira caçada humana em florestas isoladas.

O líder dos “sentinelas” é vivido por John Stockwell que volta a trabalhar com o diretor após Viagens Radioativas, só que além de atuar, também ajudou no roteiro



Embora tenha um teor fascista, o filme não se aprofunda no tema. A proposta de Pyun, segundo ele mesmo diz, era fazer um “high school movie” totalmente diferente do que era lançado na época. Para o bem ou para o mal, ele consegue. E mesmo trabalhando um universo concreto, a sensação é que se trata de um mundo a parte, onde jovens estudantes agem sem se preocupar com os seus responsáveis. De fato, a ausência de adultos numa trama desse porte é um dos aspectos mais interessantes do filme.

A direção segura e todas as escolhas visuais enfatizam a extrema criatividade na construção desse mundo ficcional concretista. E de quebra, ainda nos brinda com belas imagens - como na sequência em que Carey Lowell sai da piscina sob o olhar do protagonista com o céu crepuscular.


Outro exemplo claro é quando algumas vítimas dos “sentinelas” aparecem mortas. Cabe ao estudante Danny Lennox (J. Eddie Peck) resolver o caso, já que quase não vemos polícia agindo em lugar algum... Aliás, Peck se destaca com ótima presença encarnando o mocinho da trama. Infelizmente não fez nada mais interessante que Caçada Perigosa. Nem antes nem depois.

É um Pyun diferente, mas não deixa de ser tão divertido quanto seus melhores trabalhos.