Para quem curte o trabalho do Albert Pyun em filmes mais vibrantes de ação e pancadaria como CYBORG (89), NEMESIS (92), DOLLMAN (91) ou MEAN GUNS (97), precisa ir com cautela com POSTMORTEM. Sem os habituais andróides que lutam kickboxer e sequências frenéticas de tiroteios, o que temos aqui é um filme policial de serial killer mais focado no clima inquietante, no ritmo cadenciado, no bom acabamento visual e no fato de ser um dos trabalhos de câmera mais interessantes do Pyun.
Destaca-se também pelo protagonista, interpretado por Charlie Sheen (creditado como Charles por aqui). Ele vive James McGregor, um ex-policial americano que virou escritor, abandonou a família e o país e agora vive em Glasgow, na Escócia. Já nessa época, Pyun aproveitou a fama de beberrão do Charlie, de Two and a Half Men, cujo personagem vive isolado numa casa afastada virando copos de whisky. Mas depois de ser acusado de assassinato e provar sua inocência, McGregor volta a ativa com a polícia local para tentar capturar o verdadeiro responsável por uma série de assassinatos que possuem sempre as mesmas características incomuns: mulheres jovens, nuas, limpas, sem qualquer ferimento... Devem ser até cheirosas, se calhar.
Naquela época o sucesso de SEVEN (95) ainda gerava uma boa quantidade de exemplares policiais investigativos de serial killers. POSTMORTEM segue a mesma linha e não tenta fugir muito dos clichês. Só quer ser mais um e consegue com competência. Se há algum diferencial é a localização, o filme ganha um charme interessante ambientando a ação nos cenários e paisagens escocesas. Outro ponto que chama a atenção, e que deve chatear os escoceses, é o fato do personagem americano ter que mostrar a policia local como encontrar o assassino.
No entanto, Sheen constrói um personagem que está longe de ser o típico herói policial destemido, com pinta de salvador. Depressivo, bêbado e deslocado num país estrangeiro, o sujeito não segura nem uma arma durante o filme inteiro. Mas é isso que dá a complexidade ao personagem. Bacana os produtores terem conseguido um ator de "peso" como o Sheen, que se encaixou perfeitamente no papel. No elenco ainda temos algumas figuras interessantes, como Gary Lewis e Michael Halsey, que trabalhou com o Pyun em outros filmes.
A direção do homem é bem leve, com uma câmera que flui em planos longos e que aproveita bastante a estética escocesa... Bem eficaz, por exemplo, na cena em que McGregor persegue o suspeito pelos crimes pelas ruas de Glasgow. Nem parece que o diretor teve apenas dez dias de filmagens (e seis com a presença do Charlie Sheen). O filme é mais longo do que precisava, mas Pyun usufrui do tempo para explorar o personagem do assassino e suas motivações. Os flashbacks que mostram o serial killer criança são bem bonitos visualmente.
Com um tom mais sombrio do que movimentado, POSTMORTEM não é nenhuma obra-prima, mas é uma tentativa válida e digna de Pyun no gênero policial. No Brasil está disponível em DVD com o título MORTE ANUNCIADA. Só lamento por não ser a versão widescreen...
Nenhum comentário:
Postar um comentário