sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

ENTREVISTA COM ALBERT PYUN

Depois de uma longa e desnecessária demora para publicar esta entrevista, que eu e o Osvaldo realizamos em 2010 com o diretor que este blog homenageia, finalmente está aí, totalmente traduzida para vocês. Espero que gostem! O RADIOACTIVE DREAMS volta da tumba oficialmente!

RADIOACTIVE DREAMS: Vamos iniciar falando um pouco de como você começou a sua carreira no cinema e a experiência de ter trabalhado com o lendário diretor Akira Kurosawa.
ALBERT PYUN: Fui levado ao Japão quando tinha 18 anos pelo astro japonês Toshiro Mifune, que havia assistido a um curta que eu fiz. Minha experiência com Kurosawa foi bastante limitada, porque eu não falava nem lia japonês, inclusive não consegui ler o projeto, DERSU UZALA, que seria estrelado pelo Sr. Mifune. Inicialmente eu fiquei um pouco perdido. Alguns dizem que eu ainda estou até hoje!

Quando o Sr. Mifune decidiu não fazer mais o filme, fui trabalhar em sua produtora, Mifune Productions, e me tornei assistente de câmera do grande Takao Saito, que fora diretor de fotografia de vários filmes de Akira Kurosawa. Ele e o Sr. Mifune foram os meus principais mentores. Também não falavam muito bem a minha língua, mas foram muito pacientes e abertos na hora de me ajudar a compreender o que estávamos filmando.


Quais são as suas maiores influências?
Eu acho que crescer assistindo aos filmes de Kubrick, Bergman, Truffaut, Lindsay Anderson foram de enorme influência, além das estilizações teatrais de Sergio Leone e alguns cineastas experimentais, como Jordan Belson e Stan Brakhage. Adoro os filmes que o Dennis Hopper dirigiu, assim como Hal Ashby, os primeiros filmes de Robert Altman, Nicholas Roeg, Ken Russel e Richard Lester. Mas Kubrick, Leone e Saito me ensinaram a importância da arte do enquadramento, da composição, das cores, equilíbrio. Como esses pontos são tão importantes quanto os diálogos, trilha sonora e edição. Eu adoro contar histórias e revelar os personagens através de composições visuais.

E filmes favoritos?
Quando eu era pequeno, POR UM PUNHADO DE DÓLARES, OS INCOMPREENDIDOS e 007 CONTRA O SATÂNICO DR. NO tiveram um grande impacto sobre mim. Depois, 2001: UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO, UM HOMEM DE SORTE (Lindsey Anderson), OS TRÊS MOSQUETEIROS, de Richard Lester. E, estranhamente, JESUS CRISTO SUPERSTAR era um dos meus favoritos. Acho que vi mais de 50 vezes. Também havia os filmes de kung fu daquela época, do King Hu, por exemplo. COMBOIO DO MEDO, do Friedkin e A TRAMA, do Pakula. Adoro os desfechos desses filmes. Eu mesmo me peguei escrevendo roteiros com esse tipo de final. Trágicos e amargos. Gosto também de todos os filmes de John Cassavetes, como FACES, A MORTE DE UM BOOKMAKER CHINÊS e ASSIM FALOU O AMOR. Adoro também A TEMPESTADE (filme de Paul Mazursky estrelado pelo Cassavetes).

Seu primeiro trabalho como diretor foi uma aventura de fantasia chamada A ESPADA E OS BÁRBAROS. Por que começar com um filme que exigia um certo grau de recurso?
Naquela época, os filmes ainda tinham sua vida na tela do cinema, o pensamento era bem diferente de hoje. Você precisava fazer algo logo de cara para uma audiência ampla e não ficava pensando muito sobre orçamentos. Você simplesmente fazia o que gostaria de fazer e o orçamento chegaria de alguma forma. Talvez eu fosse até um pouco ingênuo, mas era assim que eu pensava também.


No elenco de A ESPADA E OS BÁRBAROS, temos um personagem, o vilão, interpretado por um ator que muitos fãs de filmes B adoram: Richard Lynch. Como foi trabalhar com ele?
Bom, para minha primeira experiência como diretor, ter Richard foi uma sorte grande! Um encanto de pessoa, mas às vezes era assustador por causa da sua intensidade e comprometimento em cada cena.

Seu filme seguinte foi VIAGENS RADIOATIVAS, seu primeiro trabalho com temática pós-apocaliptica. Seria Legal se você comentasse sobre sua fascinação por este universo.
Na verdade, eu realmente não tenho uma razão especial para gostar do tema pós-apocaliptico, mas sou sempre muito atencioso para situações humanas extremas e à dinâmica visual das paisagens. Eu acho que este universo é como um palco onde se pode explorar idéias totalmente libertas das convenções do mundo real. Onde tudo pode ser projetado e estilizado em torno de qualquer tema central.


Os dois protagonistas tiveram uma educação à base das novelas pulp de detetives. O gênero noir o influenciou quando escreveu o roteiro de VIAGENS RADIOTIVAS? E BLADE RUNNER?
As maiores influências foram THE MAN WHO FELL TO EARTH, WALKABOUT (ambos de Nicholas Roeg) e THE LONG GOODBYE (Altman). Mas um pouco de BLADE RUNNER, sim.

Ainda em VIAGENS RADIOATIVAS, você iniciou uma longa parceria que permanece até hoje com o grande compositor Tony Riparetti. Qual é o segredo para uma parceria tão duradoura entre músico e diretor?
Acho que observamos as coisas da mesma maneira. Respeitamos o talento um do outro e gostamos de colaborar. Tony é realmente um gênio. Fico com receio de prendê-lo de vez em quando porque ele poderia muito bem estar trabalhando em filmes maiores com orçamentos elevados.

E Como foi trabalhar com Menahem Golan na Cannon?
Divertido, louco… um ESTRONDO! Ele ama o cinema de uma forma excitante e contagiosa. É um bom sujeito. Para se ter uma idéia, você vai até ele para apresentar alguma idéia, seus olhos começam a brilhar e ele diz “Faça isso! Eu quero ver esse filme!”. Era ótimo para um jovem cineasta maluco como eu. O único filme que não consegui aprovação era um remake de JOHNNY GUITAR,com Mickey Rourke no papel título que Sterling Hayden interpretou no filme de Nicholas Ray.

CYBORG é considerado por muitos um de seus melhores filmes. O que você acha dele?
Eu tenho minhas dúvidas sobre o resultado. A versão final não é o filme que eu realizei, mas eu consigo enxergar porque as pessoas adoram. Espero que um dia a minha versão operística de CYBORG possa ser lançada.

Li que a sua intenção era filmar CYBORG como uma ópera, sem diálogos e em preto e branco. Uma idéia muito incomum. Você poderia nos falar sobre isso?
Em breve teremos o lançamento de algumas coisas que não me permitem discutir sobre esse assunto ainda. Em abril, junto com o lançamento de TALES OF AN ANCIENT EMPIRE*, haverá um extra de CYBORG saindo sob a batuta da MGM. Então, vamos conversar depois que estes extras tiverem sido lançados.

* TALES OF AN ANCIENT EMPIRE até hoje não foi lançado, nem mesmo os tais extras de CYBORG.


Como você encontrou Vincent Klyn? É difícil imaginar CYBORG sem a sua inesquecível performance como Fender, um dos grandes vilões dos filmes de ação dos anos 80.
Eu estava fazendo a escolha do elenco de MESTRES DO UNIVERSO 2 e fui ao Hawaii para encontrar um grande surfista chamado Laird Hamilton que substituiria Dolph Lundgren. Na reunião com Laird, Vince apareceu e me convenceu de alguma forma em deixá-lo participar do encontro. Eu acabei ficando impressionado com ambos. Quando MESTRES 2 foi cancelado, eu me lembrei de Vince.

Em alguns momentos de CYBORG, você trabalha com vários elementos do Spaghetti Western para compor a narrativa. Você se inspirou no gênero neste sentido?
Sim, eu realmente quis trazer o estilo cênico e dramático do Spaghetti para o gênero pós-apocaliptico. Adicionei também artes marciais, algo que não havia sido feito desta forma ainda. Acho que a mistura de artes marciais com Spaghetti Western realmente ajuda na construção de uma ópera futurista de violência.

E como foi trabalhar com Jean Claude Van Damme?
Foi muito bom, eu o considero um grande ator para aquilo que estávamos fazendo. O problema era seu sotaque, ainda muito carregado naquela época. Isso foi bastante complicado. Mas ele estava começando a se sentir confortável com o fato de ser o astro.

Estamos entrando nos anos 90 com sua adaptação de CAPITÃO AMÉRICA. Como o projeto chegou até você?
O roteiro estava circulando até que um dia Menahem me pediu para ler. Eu disse que havia adorado o script e lá fomos nós. Só que tivemos de correr contra o tempo porque os direitos autorais que Menahem tinha sobre CAPITÃO AMÉRICA estavam prestes a expirar.


Quais foram os desafios que você encontrou na realização de CAPITÃO AMÉRICA, um dos personagens ícones da cultura americana?
A primeira questão foi a ausência total de orçamento pra qualquer coisa. Menahen não foi capaz de fechar financiamentos. Outro problema era aquele figurino do herói. Foi muito difícil fazer a coisa funcionar da forma como queríamos com aquele traje.

Entre seus filmes mais famosos, CAPITÃO AMÉRICA é considerado um dos seus piores trabalhos. O que deu errado e qual a sua opinião sobre o resultado?
Bom, particularmente, a minha versão do diretor é muito melhor que a versão dos cinemas. Eu larguei o filme assim que as filmagens acabaram. Claramente, o que deu errado foi a completa falta de orçamento, difícil alcançar qualquer tipo de êxito em uma adaptação de quadrinhos desse porte sem dinheiro algum.

O que você acha da atual onda de adaptações de quadrinhos que o cinema vive? Você gosta de algum?
Sim, meus favoritos são BLADE e o BATMAN do Tim Burton*.

* Nossa, realmente bem atuais...

DOLLMAN é um dos seus filmes mais divertidos. Fale um pouco dos desafios de fazer um filme tão dependente de efeitos especiais, já que o personagem principal tem o tamanho de um boneco.
Bom, a chave foi o ator Tim Thomerson. Ele foi grande responsável por fazer tudo funcionar tão bem. Eu queria fazer um filme urbano, com um estilo realista, mas tendo esse pequeno policial alienígena no meio disso tudo. Pensei que era uma forma interessante de utilizar o orçamento que tínhamos e conferir se os efeitos de justaposição funcionavam bem.


Além de DOLLMAN, você também dirigiu ARCADE, também produzido por CHARLES BAND. O que você acha deste produtor/diretor que marcou o cinema B dos anos 80 e 90?
Eu gosto de Charlie. Ele é um cavalheiro e um sujeito criativo. Mas ele tem uma mania de controle. O negócio dele é controlar todas as produções sob o seu comando fazendo com que elas sigam uma específica concepção de marca e estilo. Mas eu nunca fui de aderir a nada, então tivemos alguns desentendimentos. Eu gosto de fazer filmes ao meu modo.

Fale um pouco sobre NEMESIS, que apresenta excelentes cenas de ação e refinadas composições visuais. Como foi fazer esse filme?
Foi ótimo! Ash Shah, o produtor, e eu éramos como duas crianças brincando com nossas criações. No entanto, eu saí do filme antes do corte final. Cheguei a começar uma versão melhorada de NEMESIS em 1999, chamado NEMESIS 2.0, mas nunca foi além dos primeiros 15 minutos, já que a empresa dinamarquesa que possuía os direitos de NEMESIS faliu.Vou liberar estes primerios 15 minutos gratuitamente nos extras do DVD.




O que acha de OMEGA DOOM e como foi trabalhar com Rutger Hauer? Você também o dirigiu em BLAST.
Bom, eu queria ter conseguido um orçamento melhor. A história original escrita por mim e Ed Naha se passava na Euro Disney e os personagens eram animatronics que restaram depois que todos os humanos haviam morrido. Mas tivemos que ajustá-lo ao orçamento. Trabalhar com Rutger foi desafiador e ao mesmo tempo fantástico. É um sujeito com muito talento e de inteligência aguçada. Realmente precisa estar cuidadosamente preparado para trabalhar com Rutger. Cada detalhe é fundamental pra ele e tudo precisa ser muito bem pensado.

Você mencionou em certa ocasião que MEAN GUNS é, dentre os filmes que dirigiu, o seu favorito. O que faz dele tão especial?
Pelo simples fato de que ele foi realizado exatamente do jeito que eu queria. Isso foi e ainda é muito gratificante.


O que achou de trabalhar com Christopher Lambert?
Acho que ele é um talento subestimado e que possui um carisma imenso. Eu gostei de trabalhar com ele e espero que suas atuações nos meus filmes sejam reconhecidas como algumas de suas melhores, porque nós tentamos, sob um curto tempo, fazer um bom trabalho. Christopher trabalhou dez dias em ADRENALIN: FEAR THE RUSH. E apenas três dias em MEAN GUNS.

Eu li em algum lugar que em CRAZY SIX recebeu uma trilha Sonora melhor do que o filme merecia. O que você acha deste filme em particular?
Eu não sei, foi uma situação complicada. Nós tinhamos um bom roteiro, situado na Chinatown de San Francisco e envolvia a Tríade. Mas o orçamento nos obrigou a filmar na Europa Oriental e acho que não tivemos êxito em transportar a história e personagens para lá.

CRAZY SIX tem Rob Lowe e Burt Reynolds no elenco. Como foi trabalhar com eles?
Trabalhar com Rob foi uma pequena surpresa. Ele é bem sério e intenso, o tipo de ator que entra no personagem e continua no personagem. Ele realmente se deixa penetrar por isso, posso dizer que ele não perdeu nenhum tempo naquele set sendo social ou descontraído. Rob estava sempre levando tudo a sério e trabalhando constantemente no seu personagem durante as cenas. Um bom sujeito e logo depois que as filmagens se encerraram, ele tornou-se esse cara tranquilo e agradável. É como se depois que aquele personagem sombrio fosse deixado para trás, surgisse uma outra pessoa completamente diferente.

Burt foi certamente o astro mais divertido com quem eu já trabalhei. Ele é tão experiente e já passou por tanto que ele se sente muito confortável em qualquer situação. Burt fez o trabalho de todos mais fácil, porque ele sabe o que é necessário ser feito. Ele consegue deixar o set mais leve e descontraído, mas basta alguém falar "ação" que ele entra no personagem. Nós filmamos todas as suas cenas em um longo dia. Tenho certeza que foi um dia que ele jamais irá esquecer (risos).

Ice-T e Mario Van Peebles também trabalharam em Crazy Six por apenas um dia. O que é incrível, claro, é que eu raramente tenho todos esses atores presentes juntos em uma cena. Geralmente eu filmo as cenas separadas de cada um e então consigo juntá-los no mesmo cenário graças à edição.

No fim dos anos 90, muitos rappers estrelaram seus filmes. Conte-nos como foi isso.
Essa é uma das lembranças mais dolorosas que eu tenho da minha carreira. Eu filmei alguns filmes urbanos com esses caras na Europa, mas vários rolos de filme foram perdidos pela Air France no transporte de volta para os Estados Unidos. Então resolvi finalizar todos eles apenas com a metade do que havia sido filmado de cada um.


É difícil de acreditar que você teve apenas um dia de filmagem com Dennis Hopper em TICKER. Seu personagem é bem construído e aparece em vários lugares diferentes. Como foram as filmagens, que ainda possui no elenco Steven Seagal, Tom Sizemore, Kevin Gage, Peter Greene e Ice-T?
Bom, o elenco era ótimo, mas TICKER foi uma bagunça financeira desde o início. E nós entramos com o orçamento de produção que foi cortado pela metade faltando uma semana para começarem as filmagens. Eu precisaria de um livro pra explicar como foram as filmagens desse filme maluco. Adorei o elenco, mas odiei a produção.

Existe um grupo de atores de apoio que você gostar de trabalhar: Norbert Weisser, Scott Paulin, Thom Mathews, Vincent Klyn, Tim Thomerson, Yuji Okumoto, Jarhi J.J. Zari, que aparecem em muitos dos seus filmes, especialmente o Weisser. É mais fácil trabalhar com eles?
Sim, é bem mais fácil e eu adoro trabalhar com todos eles. Eles acrescentam uma base sólida que facilita a vida dos novos atores quando eles trabalham nas loucas situações em que eu os coloco (risos).

Com quais atores você gostaria de trabalhar algum dia?
No momento eu estou ansioso para trabalhar com a Victoria Maurette nas filmagens de finalização de TALES. Ela é genial, na mesma linha de Rutger Hauer. Muito inteligente. Fico feliz por poder trabalhar com ela. É uma atriz muito talentosa, profissional, e tem tudo para se tornar uma estrela.*

* Passados dois anos, TALES ainda não foi lançado comercialmente e não sabemos como é a atuação de Victoria.


Espero que não fique chateado com este pedido, mas você poderia falar um pouco da produção de MAX HAVOC: CURSE OF THE DRAGON?
Bom, acho que existem tantas histórias e mentiras sobre esse assunto que fica difícil comentar, mas posso dizer que quando ainda estava envolvido com o filme, o elenco e a equipe estavam empenhados em fazer o melhor possível. O problema é o que aconteceu antes de começarmos a filmar e que criou uma situação muito difícil para a produção. Os produtores começaram meter o dedo e fomos impossibilitados de usar a equipe original e não poderíamos utilizar os equipamentos da forma que precisávamos. Criou uma situação ruim com a produção e, novamente, faltou a consistência financeira por parte do produtor.

O que mais me entristece nessa situação é como a internet tem permitido que mentiras se espalhem e tornem-se descontroladamente uma espécie de verdade. Chegaram a rolar boatos de que nós teríamos ficado com o dinheiro fornecido pelo governo de Guam - eu não vi nem a cor do dinheiro quando estávamos em Guam. Estávamos aquém do orçamento. Parece que Guam fornece algum tipo de incentivo para compensar custos adicionais de filmagens. Mas é muito difícil pra mim acreditar que chegou a ser emitido, dadas as circunstâncias da situação que estávamos.

A própria imprensa participa nesta controvérsia, porque está corrompida. Vendem primeiro a história, para obter os fatos depois. Isto demonstra o quão cruel o mundo se tornou. A maioria das mentiras vem das três ou quatro pessoas que haviam me demitido e eles me culpam por seus problemas. A internet deu-lhes uma arma para conseguir alguma vingança mesquinha. Isso é revoltante.

Fico feliz apenas por estar chegando no fim da carreira, porque se estivesse no ínicio teria desistido da profissão há muito tempo.

Como surgiu a idéia das filmagens de INFECTION, que foi realizado inteiramente com apenas um plano sequencia?
Não sei. Por vários anos eu fiquei brincando com planos longos, ação contínua. ADRENALIN foi uma espécie de ensaio deste conceito. Então eu estava dirigindo uma noite em uma longa viagem e eu comecei a ter algum tipo de visão. Falei com Cynthia Curnan sobre as idéias e ela já havia tido algumas idéias semelhantes e que se passava num desfiladeiro isolado do Topanga Canyon, norte de Los Angeles. Ela desenvolveu um roteiro maravilhosamente inventivo e assustador. O filme foi rodado em apenas uma noite e fizemos cinco tentativas. A última foi a que deu certo.

Por que escolheu a Argentina para realizar LEFT FOR DEAD? E o que acha do corte final?
Eu fui entrevistado por um escritor argentino chamado Nicanor Loreti para uma revista publicada em Buenos Aires. Nós continuamos a falar e ele disse que o movimento de filmes independentes em Buenos Aires estava crescendo muito. Isso me animou bastante. Continuamos a manter contato até que decidi que seria perfeito filmar ali e realmente foi. Filmamos por 11 dias com uma equipe e elenco argentino. Todos artistas de extraordinário talento.

Eu gosto do corte final, mas foi um pouco complicado, porque tentávamos diferentes abordagens com enredo e nunca ficava resolvido de maneira satisfatória. Mas na edição especial de BULLETFACE, eu adicionei um CD de bônus contendo LEFT FOR DEAD: INFERNO*. É uma nova versão de corte para o filme, inspirado nos nove círculos de sofrimento do Inferno de Dante.

*Tenho essa versão de LEFT FOR DEAD, mas ainda não assisti (Perrone).

Que tipo de filme você faria se tivesse em mãos um orçamento de 30 milhões de dólares?
Um filme?! Eu faria 30 filmes de um milhão de dólares! Mas seu pudesse gastar 30 milhões de dólares em um único filme, eu gostaria de fazer um épico definitivo pós-apocalíptico cyber punk. Um encontro entre filmes de samurais com O RESGATE DO SOLDADO RYAN ambientado num cenário pós-apocalíptico!

O que você acha do atual cenário do cinema fantástico? Algum filme recente que te interessa?
Hmm… Preciso pensar sobre isso. Cinema Fantástico. Provavelmente, dos filmes atuais, gostei muito de DOMINO, do Tony Scott, que não deixa de ser fantástico na minha opinião (com aquela narrativa estranha e surreal) e DISTRITO 9.

Apesar de ser um diretor de filmes de baixo orçamento, você chegou a receber alguns prêmios. Acha isso importante para sua carreira?
Bem, isso é legal porque coloca uma certa atenção em seus filmes. Às vezes, alguns filmes que você faz ficam esquecidos, então algum tipo de premiação pode evitar esse tipo de coisa. Pessoalmente, eu não me importo com a atenção. Passei metade da minha vida não sendo muita coisa aos olhos do público e nem promovi meus filmes como deveria. INFECTION mudou um pouco isso.


O que podemos esperar de TALES OF AN ANCIENT EMPIRE?
Sangue, violência, nudez e muita diversão!

Você já possui algum novo projeto à vista?
Mais detalhes em abril*, mas sim! Será em 3D, um musical na linha de MOULIN ROUGE sobre um romance entre vampiros. Espero que Victoria Maurette aceite estrelar novamente, assim que ela estiver com o roteiro em mãos.

*Abril de 2010. Até hoje, a única vez que soubemos algo sobre essa idéia foi nessa entrevista.

3 comentários:

Anônimo disse...

auhauahuah *Abril de 2010. Até hoje, a única vez que soubemos algo sobre essa idéia foi nessa entrevista.

desejos e contar vantagens e mentiras desse tipo é o que mais rola na comunidade Boca do Inferno, no Orkut..o que tem de neguinho dizendo..nooossaa!! eu tou aqui do lado de um mega festival de horror e amanha vai ter tal diretor ou ator e eu vou tar la..mas nem vai ou nem chega perto da criatura nem nda..dá no max um oi, se é que vai...ou entao se gaba de ter uma coleçao de dvds mas só com filmes manjados, nenhum filme obscuro. até Radiocative Dreams valia, mas nem isso...é..e isso qdo tem os filmes e não é só mais uma mentira deslavada de forum de Internet...pq td,s parece, ja perderam o pudor e mentem compulsivamente pra aparecer e pensarem ser os tais!!

Anônimo disse...

só me admira que o Pyun não citou o Homem-Aranha do Sam Raimi como adaptação de HQ atual..mas é sempre mto bom lembrar dos Batmans da era Burton.

João Santos disse...

Gostaria que Albert Pyun tivesse comentado algo sobre as sequências de Nemesis, estrelados pela fisiculturista Sue Price. Gostei muito desses três filmes e da Price em especial...